26 novembro 2014

Biografia - Capitulo I



Muitas coisas passam por nossa cabeça quando fazemos aquela reflexão e o balanço de nossas vidas; Começamos a ver o mundo por uma nova expectativa, a encarar os problemas de uma forma diferente e um filme vem, na retrospectiva. Um dia brincando no jardim de minha casa com meus dois filhos pequenos, parei por um instante, encantada com suas gargalhadas, para refletir sobre tudo o que tinha conquistado, vivido para estar ali, sendo merecedora destes dois tesouros: Annie e José Miguel e também, não menos importante claro, o homem que amo, meu marido. Ao final do dia me senti motivada a sentar em frente a meu computador pessoal e começar a transcrever minha vida e, de meras palavras, surgiram parágrafos, então capítulos e finalmente esta autobiografia que vos é apresentada.

Minha história começa no dia 14 de Outubro de 1986, em uma cidade da Comunidade Valenciana chamada Alicante, pertencente ao território espanhol. Toda a cidade possui característica rústica e tem forte influencia da arquitetura romana, mesclada à espanhola do século XX. Com mais de três mil anos de história, a população gira em torno de trezentos e trinta e cinco mil habitantes, não é muito grande, nem desenvolvida como Madrid, mas muito, muito acolhedora e o principal: Inspiradora aos amantes da arte e da natureza.

Morei em La Marina, Costa Blanca. Meu pai, Alfonso Hernandéz, é presidente e acionista de uma editora de renome no país, porém esta mesma empresa nem sempre foi vista com tão grandes olhos pelo mercado; Meu pai sempre teve contato com o meio artístico devido ao segmento do seu trabalho e por causa dessa intensa e inconstante rotina, ele se tornou bastante ausente no acompanhamento do crescimento de seus próprios filhos. Sua história com a Editora começa como um publicitário recém-formado, ambicioso, perfeccionista e inteligente, nos anos seguintes conseguiu seu espaço, se tornou acionista, ganhou prêmios, abriu sua própria agência e desde então, há mais de 30 anos vive da criatividade, dos paparazzi e holofotes; Foi ele, meu grande tutor, quem de certa forma me apresentou aos estúdios cenográficos, o que de cara me despertou uma grande paixão.

Minha mãe, Eva Ortiz Elizondo Hernandéz, vem de origem simples e quando conheceu o meu pai era uma das recepcionistas e “Faz tudo” de um hotel em Madrid. Ele por sua vez demonstrou um interesse quase que imediato na jovem de longos cabelos negros, com uma beleza típica dos madrilenos do interior, ele então passou a se hospedar somente naquele referido hotel, até conseguir engatar uma conversa e quebrarem o gelo inicial de patrão x empregado. Minha mãe me conta que ele era persistente, pedia em toda estadia por serviços exclusivos somente para vê-la e dessa forma foi agindo até conquistar seu apreço. Nesta época ele tinha 21 anos e ela 18. Os dois começaram um relacionamento que logicamente não foi aceito por meus avós paternos. Abrindo umas aspas aqui para explicar a rejeição imediata: Minha família paterna é muito conhecida em Alicante e redondezas, meu avô era um importante comerciante da cidade. Eles julgaram este relacionamento como puro interesse, mas em 4 anos e depois de muitas provações, eles se casaram e constituíram sua própria família. Hoje, esse relacionamento já superou toda e qualquer hostilidade e é visto como uma das uniões mais sólidas da família, 40 anos juntos. Deste relacionamento nasceram Pablo, Alícia e eu, respectivamente. Vivemos em um ambiente convencional, dentro do que permitia nossa realidade e desde muito jovens fomos obrigados de certa forma a escolher o mesmo caminho que nosso pai a tomar conta de seus negócios. Meus irmãos cresceram para isso, mas eu decidi desde que me entendo por gente que gostaria mesmo é de ser artista, fazer parte do mundo ao qual meu pai retratava em suas publicações e não somente dos bastidores, como ele queria. Recordo-me disso em pequenos flashes desde o momento em que fomos levados para conhecer os estúdios de uma grande emissora. Os cenários, os atores, as luzes, o vai-e-vem da troca de cena, os figurinos gigantescos e coloridos, incríveis para uma garotinha que tinha por volta de três anos e que havia ficado extasiada pela magia da TV.

Eu sempre fui desenvolta, não tinha papas na língua, e era uma criança que adorava ser o centro das atenções, falava muito (Se bem que eu ainda falo – risos –). Decorava diversas falas e até criava o meu próprio script mental, falando pela casa toda, fantasiada e carregando bonecas para todo lado, fingindo ser minha plateia. Meus pais então começaram a notar que isso não era apenas um capricho, uma fase, era algo que eu queria fazer e o fazia bem para uma criança da minha idade. Resolveram me dar uma oportunidade, depois de muita conversa entre si, sobre minha privacidade e enfim me agenciaram e me matricularam em um colégio de teatro infantil.

Aos três anos consegui fazer várias campanhas, que acrescentaram ao meu portfólio, fazia as aulas, que vendo pela perspectiva de uma adulta, mais pareciam às sextas-feiras de brinquedos do Ensino Maternal (risos). No ano seguinte, minha dicção já havia melhorado bem e então um produtor entrou em contato com minha família, consegui um teste na TV; Fui reprovada, neste e nos dois seguintes, chorei, chorei muito como qualquer criança decepcionada, mas continuei, me apresentando nos festivais do colégio, fazendo campanhas e atuando.

Aos cinco recebemos outra ligação, daquela mesma emissora que há alguns anos eu havia visitado com meu pai e irmãos, seria um sinal? Creio que sim, recebemos um convite para um teste, me senti hiper feliz, mas ao chegar ao estúdio tive uma crise de pânico, morrendo de medo de ser rejeitada outra vez; Minha mãe me confortou e me explicou como seria, passamos o texto e fui, mesmo com os olhos embargados.

Vendo meu teste hoje em dia, agradeço pelo enredo ter sido dramático e pela atriz que atuou comigo tê-lo feito com tanta sensibilidade, tanto feeling: Consegui chorar em pleno teste, enquanto interpretava o texto que me passaram, pensando, dentro de mim, na possível recusa. No final, o diretor veio e me deu um aperto de mão, forte, contente: - Parabéns pequena, você foi aprovada!

2 comentários

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